Política
Bolsonaro sobre cinema nacional: ‘Há quanto tempo a gente não faz um bom filme, não é?’
Após definir – com um atraso de um ano – a chamada Cota de Tela, que determina uma quantidade obrigatória de exibições de produções brasileiras nos cinemas do país, o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre o dispositivo e teceu críticas ao cinema nacional em uma live exibida em suas redes sociais, nesta quinta-feira (26).
“Obviamente que, fazendo bons filmes, não vamos precisar de cota mais. Há quanto tempo a gente não faz um bom filme, não é?”, avaliou Bolsonaro, apontando o direcionamento da política cultural de seu governo e os planos de eliminar tal incentivo à produção nacional. “Vamos fazer filmes da história do Brasil, da nossa cultura e arte, que interessa a população como um todo e não as minorias”, declarou.
No vídeo, o presidente criticou ainda o que chama de “questão da ideologia”, concentrando queixas sobretudo nas obras que retratam o período da ditadura militar. “Os filmes que estamos fazendo a partir de agora não vai ter mais a questão de ideologia, aquelas mentiras todas de histórias passadas, falando do período de 1964 a 1985. É sempre fazendo a cabeça da população como se esse pessoal da esquerda foi o mais puro, ético e moral do mundo. E o resto como se fosse o resto”, afirmou, rechaçando, no entanto, a pecha de autoritarismo e imposição ideológica. Segundo ele, seu governo não está “censurando nada”, mas sim vetando o uso de recursos públicos para a produção de determinadas obras consideradas por ele inapropriadas.
O OUTRO LADO
As declarações do presidente vão na contramão da crítica internacional, que nos últimos anos conferiu diversos prêmios ao cinema brasileiro. Em 2016, por exemplo, “Aquarius”, de Kléber Mendonça Filho, foi premiado em festivais como os de Sydney, Transatlantyk, Festival World Cinema Amsterdam, Festival Biarritz Amérique Latine, Festival de Lima, Festival de Mar del Plata, Festival de Havana e foi ainda indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Este ano, “Bacurau”, também de Kleber Mendonça com Juliano Dorneles, venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes e foi indicado à Palma de Ouro; venceu os festivais de Munique e Lima e teve indicação como Melhor Filme no Festival de Sydney. “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, venceu a mostra “Um Certo Olhar”, no Festival de Cannes, e o Prêmio CineCoPro, no Festival de Cinema de Munique. Outro filme brasileiro que se destacou foi “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que foi incluído em uma lista de documentários pré-selecionados para a disputa do Oscar 2020. (BN)
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