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Artista comemora aniversário em cemitério e inaugura o próprio túmulo

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“Quero convidar todo mundo para o meu enterro”, disse o artista durante inauguração de túmulo –

No coração árido do Sertão de Alagoas, vive Beto de Meirus, o seleiro mais antigo e dono de uma alma que canta versos e esculpe sonhos. Aos 82 anos, ele decidiu virar o jogo da vida e da morte com uma festa nada convencional: celebrou seu aniversário inaugurando sua própria sepultura – um palco silencioso onde arte, memória e bom humor se encontram para desafiar o tempo.

A lápide, esculpida por suas próprias mãos calejadas, já repousa no cemitério de Pão de Açúcar, com seu nome gravado como um poema de pedra, a data do nascimento e um espaço em branco para o dia em que Deus decidir chamá-lo. “Vou quando Deus me chamar”, afirma o artesão Poeta cordelista, escultor e artista nato, como ele mesmo se autodescreve.

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No dia 7 de abril, o cemitério virou palco de uma festa com direito a bolo, abraços apertados, versos recitados e o estrondo alegre do bacamarte – a espingarda curta que estala nas festas nordestinas anunciando que a vida é festa, mesmo quando se pensa no fim. Amigos, família e curiosos foram celebrar esse mestre da arte e do amor, que transformou o seu próprio descanso eterno numa obra viva.

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Beto não é apenas um homem que trabalha couro: ele é poeta que borda a vida com cordéis, escultor que dá forma à alma sertaneja, trovador que embala a noite com sua voz e carnavalesco que colore a tristeza com alegria. Seu túmulo é um relicário da sua história – fotos dos filhos, esculturas dos pais, folhetos com poesias e rimas que ecoam a essência do povo sertanejo, cuja tradição ele abraçou e reinventou.

O apelido “Escravo do Amor” não foi escolhido – nasceu de um verso e ganhou força, como tudo que vem do coração de Beto de Meirus. Entre serenatas e suspiros, ele se viu nesse título: romântico incurável, apaixonado pelas noites do Sertão, pelas danças, pelas histórias e pelas mulheres que passaram. Pai de 11 filhos e já trisavô, carrega nas palavras uma saudade que vai além da poesia.

“Fui tão romântico, amei intensamente, me entreguei por completo e, hoje, não tenho um amor”, desabafa, com a doçura melancólica de quem já viveu muito e ainda espera, talvez, um último amor para fechar o ciclo.

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“Quero convidar todo mundo para o meu enterro. Já fiz minha catacumba, estou pronto para morrer a qualquer momento. Quem quiser vir, já está convidado”, disse o mestre, arrancando sorrisos e aplausos enquanto era celebrado como o grande mestre que é. Só lhe falta, ainda, o reconhecimento oficial. As informações são do G1.





Fonte: A tarde

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